Delator diz que Júlio Lopes recebeu mais de R$ 15 milhões da Odebrecht
Ex-secretário Júlio Lopes teria se beneficiado de esquema de propina Foto: Pablo Jacob / O Globo
O deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), ex-secretário estadual de Transportes do Rio, recebeu R$ 15,6 milhões da Odebrecht, segundo planilha entregue pelo ex-executivo da empreiteira Benedicto Júnior ao Ministério Público Federal (MPF). Ao todo, teriam sido feitos 91 pagamentos ao político entre 2008 e 2014. No documento, o parlamentar é apelidado de “Pavão”, “Bonitão”, “Bonitinho”, “Velho” e “Casa de Doido” .
Lopes foi secretário durante o governo de Sérgio Cabral, entre 2007 e 2014. O ex-governador também é acusado de receber R$ 50,5 milhões em propinas da Odebrecht durante a execução do contrato da Linha 4 do metrô. Cabral foi citado por Benedicto em depoimento ao MPF.
O delator já havia afirmado que a empreiteira gastou R$ 120 milhões com Cabral e com o atual governador Luiz Fernando Pezão — o valor teria sido repassado entre doações eleitorais via caixa dois para campanhas de ambos e propina para Cabral.
Sérgio Cabral é acusado por delator de receber R$ 50,5 milhões em obras da Linha 4 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Com relação a Júlio Lopes, o ex-executivo afirmou que, em 2008, foi feito o primeiro pedido de caixa dois para as eleições municipais daquele ano:
— Eu concedi, pedi que um executivo meu, Marcos Vidigal, o procurasse para fazer as tratativas para os pagamentos de caixa dois, e os recursos foram pagos.
Segundo a Rede Globo, entre 2013 e 2014, mais três pedidos foram feitos pelo político e atendidos diretamente pelo ex-executivo, somando R$ 6,5 milhões. O objetivo era que ele evitasse problemas nas obras da Linha 4 do metrô.
Benedicto contou que a Odebrecht pediu ajuda a Cabral para entrar no consórcio da Linha 4. O grupo era liderado pela Queiroz Galvão, e a Odebrecht tinha interesse em adquirir participação de uma das empresas minoritárias, a Constran, o que aconteceu.
Propina teria reduzido dívida da SuperVia
Delações de três executivos da Odebrecht revelam que a empresa pagou propina a um executivo da Light para reduzir parte de uma dívida milionária com a companhia de energia. Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Paulo Henyan Yue Cesena e Carlos José Viera Machado da Cunha disseram aos procuradores que cerca de R$ 2 milhões foram entregues a Ramiro Ribeiro, representante comercial de empresas portuguesas no Brasil. O destino final, segundo os delatores, teria sido o empresário Luiz Otávio Motta Valadares, diretor da Light entre 2012 e 2015. Ziza Valadares, como é conhecido, foi presidente do Atlético Mineiro. Ele nega as acusações. Os depoimentos foram enviados à Justiça Federal do Rio pelo ministro Edson Fachin, do STF.
Nos depoimentos dos três executivos, também há menção de pagamentos parcelados de R$ 600 mil a dois diretores da Agência Reguladora de Transportes do Estado do Rio (Agetransp) para financiar a campanha do PMDB no estado, em 2014. Os intermediários dos repasses ao partido foram os diretores da Agetransp, Arthur Bastos e César Mastrangem. Eles teriam sido indicados ao cargo, segundo os delatores, pelo ex-governador Sérgio Cabral. Durante o governo Cabral, os dois eram assessores na Casa Civil.
Sobre o pagamento de propina ao executivo da Light, os diretores da Odebrecht disseram que, em 2007, quando a empresa passou a controlar a SuperVia, a companhia devia cerca de R$ 169 milhões de energia. Um acordo selado naquele ano previa o parcelamento da dívida até 2022.
No ano passado, em meio à crise financeira, o governo estadual assumiu uma dívida de R$ 38,9 milhões que a SuperVia tinha com a Light. Isso foi possível devido ao projeto de lei sancionado em 15 de dezembro de 2015. A SuperVia já foi uma das principais clientes da mulher de Cabral.
Acusados respodem
Supervia
A companhia informa que as dívidas existentes entre ela e a Light, relativas a 2016, são fruto de reajustes da tarifa de energia nos últimos anos.
Odebrecht
A empresa explicou que é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos.
Light
A empresa informou que realizou uma análise interna em todos os seus contratos e não constatou irregularidade.
Júlio Lopes
O deputado afirmou estar “surpreso e indignado com o que me foi atribuído por essa organização criminosa de nome Odebrecht e seus bandidos transformados em delatores, Benedito Junior e Marcos Vidigal”.
Não localizados
César Mastrangem, Arthur Bastos e os advogados de Cabral não foram localizados.
Fonte:Extra
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