Criminosos espalham medo nas ruas da Capital
Uma criança, famílias e policiais foram vítimas de ações do crime organizado, de quarta para quinta-feira
Famílias inteiras deixaram a Comunidade da Babilônia, no Barroso, na noite de quarta-feira e na madrugada de ontem, após uma ordem de expulsão ser dada por membros da facção Guardiões do Estado (GDE)
A noite de quarta-feira e a madrugada de ontem, foram cheias de episódios de violência, em Fortaleza. O medo se espalha cada vez mais nas ruas em que crianças precisam fugir de tiroteios, e famílias inteiras precisaram deixar suas casas, por conta de ameaças de traficantes. Os militares também não escaparam das investidas dos criminosos e uma patrulha da PM também foi atacada por um bando armado.
O primeiro caso aconteceu no bairro Tancredo Neves e vitimou uma criança de oito anos. A menina foi atingida por dois disparos, na noite de quarta (3). Dois homens, de 20 e 22 anos também foram atingidos no tiroteio. De acordo com informações da TV Diário, testemunhas afirmaram que um veículo, de cor prata, passou em várias ruas, durante a noite, e os ocupantes efetuaram disparos, sem direção.
A criança foi baleada no abdômen e no braço, na Rua das Cachoeiras. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorreu e levou a menina ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, onde a vítima foi submetida a uma cirurgia.
A Polícia Militar realizou diligências pelo Tancredo Neves e bairros adjacentes, em busca do veículo de cor prata, desde a noite da quarta-feira (3), mas não o encontrou. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o 13ºDP (Cidade dos Funcionários) assumiu as investigações do tiroteio. Uma equipe da Polícia Civil também realizou diligências na região, durante o dia de ontem, visando identificar a autoria dos disparos. Entretanto, nenhum suspeito foi capturado.
A Polícia Civil reforçou que a população pode contribuir com as investigações repassando informações que possam ajudar na elucidação do caso. As denúncias podem ser feitas pelo número 181, o Disque Denúncia da Secretaria da SSPDS. O sigilo sobre o denunciante é garantido.
Emboscada
Durante a madrugada, uma patrulha da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi vítima de uma emboscada montada por criminosos, no bairro Granja Portugal, em Fortaleza. Um disparo perfurou a lataria do viatura e atingiu um sargento, no antebraço, de raspão.
De acordo com o comandante da Área Integrada de Segurança (AIS) 2, major William Magalhães, a viatura 17241, da 1ª Cia do 17º BPM (Conjunto Ceará), foi acionada para uma ocorrência de disparos em via pública, na Rua Sebastião de Souza, por volta de 2h.
Ao chegar ao local, a patrulha foi recebida por vários disparos de espingarda calibre 12, pistola calibre 380 e revólver calibre 38. A viatura da Polícia Militar ficou bastante avariada, segundo o major Magalhães.
Quando os policiais militares reagiram ao ataque, o grupo criminoso fugiu sem ser identificado. O policial ferido foi levado primeiramente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Conjunto Ceará, mas precisou ser transferido para o IJF, onde foi atendido e recebeu tratamento para a lesão. O sargento recebeu alta médica, ainda na manhã de ontem.
"Foi uma armadilha, uma emboscada, eles estavam esperando a composição. A viatura ficou bastante danificada, mas dos males, o menor", afirmou o comandante da AIS 2. A PM realizou diligências pelas ruas da Granja Portugal e nas adjacências, durante o dia de ontem, com o objetivo de encontrar os suspeitos, mas ninguém foi preso até o fechamento desta matéria.
"As investigações acerca do policial militar lesionado, na madrugada desta quinta-feira (4), estão a cargo da 11ª Delegacia da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Diligências estão em andamento visando identificar a autoria do crime", informou a SSPDS.
Expulsão
A noite e a madrugada no Barroso foram tensas. Nas proximidades da Comunidade da Babilônia, onde diversos muros foram pichados com frases de ordens de expulsão direcionadas aos moradores locais, as mudanças de fato aconteceram. Durante a noite, os caminhões chegaram e a Polícia foi acionada. No entanto, alguns moradores realmente deixaram o local com suas famílias. As ameaças foram atribuídas a um braço da facção Guardiões do Estado (GDE).
As pichações surgiram na manhã da última quarta-feira (3). Existem informações de que, assustados, dezenas de moradores abandonaram as suas residências, desde então. Entretanto, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não confirmou as mudanças.
Sem entrar em muitos detalhes, a Pasta informou que três suspeitos (sendo dois homens e uma mulher) de realizarem as pichações foram presos pela Polícia Militar, na noite da última quarta (3). Com o trio, foram apreendidos duas armas de fogo, droga e balanças de precisão.
Entre as pichações espalhadas pela facção em muros de residências, estão frases como: "Sair fora todo mundo das travessa, se não vai morrer (sic)" e "É pra sair fora hoje si não vai morre. Si não sair, vai tocar fogo em tudo (sic)".
As ruas São Tomaz de Aquino e Unidos Venceremos foram as mais movimentadas, durante as mudanças. O supervisor do Comando de Policiamento da Capital (CPC) naquela noite, major Arimatéia, afirmou à reportagem que composições do Batalhão de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) e do Comando Tático Motorizado (Cotam) foram acionadas para fazer a segurança nas proximidades da 'Babilônia'.
A SSPDS acrescentou que "a Polícia segue em diligências no intuito de capturar o restante do grupo criminoso". A Babilônia, localizada às margens do antigo aterro sanitário do Jangurussu, é conhecida como uma das áreas mais perigosas da Capital.
Um militar que trabalha na área, e preferiu não se identificar, disse que a situação é cada vez mais tensa no local. "É difícil admitir isso, mas os bandidos conseguiram um poder muito grande. E a população, infelizmente, não confia o suficiente na Polícia. As pessoas vão embora com medo de morrer".
Um policial civil também conversou com a reportagem e disse que as expulsões já aconteceram mais de um vez. "Isso já não é novidade. O que aconteceu na Babilônia já aconteceu no Lagamar, no São Miguel. E também não é a primeira vez que a PM faz escolta para as famílias irem embora", declarou.
Fonte:DN
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