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Hospitais da prefeitura têm telefone cortado. No Pedro II, salários atrasados e até lanche foi retirado

Emergência do Salgado Filho lotada de pacientes Foto: Divulgação

Falta dignidade até após a morte nos hospitais da Prefeitura do Rio. O atestado de óbito mostra que uma paciente morreu às 7h30 da última terça-feira, na emergência do Salgado Filho, no Méier. Mas a família só soube da morte ontem, depois do meio-dia, no horário da visita. Os funcionários não puderam avisar, porque o hospital está com o telefone cortado. No Pedro II, em Santa Cruz, quatro corpos ficaram em sacos, no expurgo da sala vermelha da emergência durante o fim de semana. Com salários atrasados e sem dinheiro para a passagem, muitos funcionários não estão indo trabalhar e não havia ninguém para liberar os corpos, o que só aconteceu na segunda-feira à tarde.
Telefones cortados não são exclusividade do Salgado Filho. A mesma situação se repete no Miguel Couto, na Gávea, e no Souza Aguiar, no Centro. O motivo seria falta de pagamento.
Quatro corpos ficaram no expurgo da sala vermelha do Hospital Pedro II durante o fim de semana Foto: Divulgação


No Pedro II, a superlotação e a falta de insumos e medicamentos relatadas também por funcionários de outros hospitais, como Souza Aguiar e Salgado Filho, se somam ao grande índice de faltas. Muitos funcionários não estão conseguindo ir trabalhar porque o salário de junho, que deveria ter sido pago no último dia 6, só começou a ser depositado ontem à tarde.
Na sala amarela do hospital de Santa Cruz, com capacidade para 21 pacientes, 90 estão internados.
— É um caos. Só quem trabalha ali sabe o que passa. Muitos não têm ido trabalhar porque não têm dinheiro para a passagem nem para comer na rua, já que cortaram o café da tarde e, com frequência, a comida do hospital vem estragada. Hoje (ontem), não há maqueiros — disse uma funcionária que pediu para não ser identificada.
Uma técnica de enfermagem do Pedro II contou ainda que faltam insumos básicos, como luvas, além de vários medicamentos. Uma enfermeira relatou uma grave falta de profissionais na unidade:
— Nos andares, às vezes, não tem médico nem maca para levar o paciente até a emergência. A pessoa acaba morrendo por falta de assistência. Está desumano. Quando o médico vem, já é tarde.
Uma enfermeira relatou como a sobrecarga de trabalho vem deixando a equipe doente:
— Na clínica médica do Hospital Pedro II, principalmente, há dias em que são um enfermeiro e quatro técnicos para cuidar de 55 pacientes. Se reclamamos, tiram gente do setor e deixam apenas dois técnicos para fazer tudo. Somos coagidos e, por qualquer coisa, ameaçam de demissão. Há uma falta de material absurda e, quando não conseguimos fazer alguma coisa, somos cobrados. Nós estamos adoecendo.
                    Emergência do Salgado Filho lotada de pacientes Foto: Divulgação

Cenário de guerra nas emergências
No Souza Aguiar, a emergência também está superlotada e há relatos de falta de medicamentos e profissionais para atender a enorme demanda de pacientes. Imagens feitas por um funcionário, na última terça-feira, mostram macas coladas umas às outras.
         A emergência do Hospital Souza Aguiar lotada de macas Foto: Divulgação

No Salgado Filho, o cenário de guerra se repete na emergência. Em uma das macas estava o aposentado Sidney Cosme Ferreira, de 66 anos. Ele recebeu alta nesta terça-feira, após cinco dias internado.
— Há cerca de dois anos, a Clínica da Família de Senador Camará me inscreveu no Sisreg porque preciso de cirurgia no quadril. A cabeça do fêmur desgastou e está osso batendo com osso. Durmo e acordo com dor. Não há remédio que alivie e já não consigo andar. Achei que seria operado no Salgado Filho, após cinco dias tomando dipirona. Mas disseram que não tem material e me mandaram esperar em casa — disse o aposentado.
Sidney Cosme Ferreira ficou cinco dias na emergência do Salgado Filho, aguardando uma cirurgia no quadril, mas recebeu alta porque não havia material para operá-lo Foto: Divulgação


Nesta quarta-feira, a bebê Emily Vitória, de 3 meses, morreu no Hospital Municipal Menino Jesus, em Vila Isabel. Conforme o “RJTV”, da TV Globo, a criança foi internada no Salgado Filho com problemas respiratórios e ficou num quarto com mofo nas paredes. Emily esperou 15 dias até ser transferida, após liminar da Justiça.
O pai, José Carlos, disse que a troca de unidade foi tarde demais:
— Se tivesse conseguido isso mais rápido, acho que não tinha acontecido isso.
A Secretaria Municipal de Saúde diz ainda não saber o motivo da morte da menina.

 

Fonte:Extra

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