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Após fechamento, fronteira da Venezuela com o Brasil é tomada por clima de tensão e medo

Manifestantes venezuelanos do lado brasileiro lançam pneus queimados contra militares venezuelanos do outro lado da fronteira Foto: RICARDO MORAES / REUTERS

PACARAIMA - A fronteira do Brasil com a Venezuela virou território de tensão e medo. Com o fechamento da fronteira imposto na última quinta-feira pelo regime de Nicolás Maduro, imigrantes venezuelanos passaram a ser "caçados" em trilhas e estradas vicinais no limite da fronteira com o Brasil, na cidade de Pacaraima. Na manhã deste domingo, dezenas de agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) vasculhavam, com armas de grosso calibre, trilhas abertas a menos de 300 metros do limite da fronteira com o Brasil, situação que, reservadamente, militares do Exército brasileiro tratam como "provocação".
Os militares venezuelanos enviaram um blindado para dar cobertura aos militares da GNB que bloqueiam a fronteira com os Brasil. O veículo está posicionado a cerca de 500 metros do marco que delimita a divisa entre os dos países, e chegou a ultrapassar a barreira formada pelos militares, por volta das 11h40. A manobra inflamou venezuelanos que se concentram do lado brasileiro da fronteira, e que desde o início da manhã deste domingo ateiam fogo em pneus e os lançam na direção dos agentes da GNB.



Com a fronteira fechada desde a quinta-feira, venezuelanos tentam chegar ao território brasileiro por meio de trilhas na mata e na pastagem de fazendas de gado. Donela Mateus, de 34 anos, precisou passar a noite embrenhada no mato com uma filha de 3 anos até chegar a Pacaraima. Nesta manhã, ela aguardava, na porta de um bar, o posto de fronteira abrir para pedir refúgio. A mãe e a criança dormiam num colchão improvisado.
— Nós somos caçados pelo governo do nosso próprio país. Ontem (sábado) achei que fosse morrer no mato, com minha filha achando que a gente ia levar tiro — conta Donela, que fez a travessia acompanhada de um grupo de seis pessoas que pretende chegar a São Paulo.
Na linha divisória do Brasil com a Venezuela, o que se vê na manhã deste domingo é um rastro de pedras, paus, e destruição na pista. A bandeira venezuelana foi arrancada do mastro. Os militares venezualanos observam de perto a movimentação de compatriotas que estão no lado brasileiro e que, com o avançar do dia, vão se aglomerando no limiar da fronteira. Alguns imigrantes fazem provocações contra os guardas, do lado brasileiro, sem adentrar o limite da fronteira.
— Ontem jogaram gás e até pedras na gente. Não vamos deixar barato — diz um venezuelano mais exaltado que vendia cigarros na fronteira.
Pelo menos 14 venezuelanos precisaram atravessar a fronteira, nos últimos dois dias, para receber atendimento médico no lado brasileiro. Apenas ambulâncias têm permissão para atravessar do lado venezuelano para o brasileiro, já que os hospitais do país vizinho estão em situação precária e sem capacidade de atendimento.
Um militar brasileiro que atua na região de Pacaraima há dois anos e observava a distância a movimentação dos soldados bolivarianos nas trilhas disse que a Guarda Nacional do país vizinho "nunca chegou tão próximo".
Um militar brasileiro que atua na região de Pacaraima há dois anos e observava à distância a movimentação dos soldados venezuelanos nas trilhas disse que a Guarda Nacional do país vizinho "nunca chegou tão próximo".

Envio de ajuda

Depois dos confrontos de sábado entre manifestantes venezulanos do lado brasileiro e soldados venezuelanos do outro lado, o Exército brasileiro estuda uma nova maneira de entregar a ajuda aos venezuelanos, mas há o temor de que uma nova tentativa gere mais conflitos na região fronteiriça.
Duas caminhonetes que tentaram entrar ontem na Venezuela com alimentos como arroz e leite em pó foram retiradas da divisa e levadas para o quartel de Pacaraima. O Itamaraty chegou a anunciar que elas haviam entrado no país vizinho, mas na verdade foram barradas no posto fronteiriço pelos militares venezuelanos.
Na cidade venezuelana de Santa Elena, a 15 quilômetros de Pacaraima, milícias chavistas, os chamados coletivos, reprimiram neste sábado apoiadores e militantes da oposição que seguiam para a fronteira do Brasil para fazer pressão pela entrada da ajuda. Segundo a prefeitura da cidade venezuelana, quatro pessoas morreram e 25 foram feridas a tiros.



Fonte:Com informações do Extra

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