Campanha cobra desfecho para morte por intervenção da PM
Aos poucos, os comerciantes de Chorozinho reabrem seus estabelecimentos na cidade, fechados desde quarta-feira (1), quando o adolescente Mizael Fernandes da Silva (13) foi morto dentro de casa por policiais militares. Os agentes afirmam que a vítima, sem antecedentes criminais, estava com uma arma e não obedeceu a uma ordem para largar o objeto. A família, no entanto, nega a versão. Um laudo pericial pode ser entregue nos próximos dias, com as circustâncias da morte.
"Eu abri o portão, eles [policiais] entraram, a criança estava dormindo. E eles mataram meu sobrinho. Uma criança. Eu só queria pedir justiça, pelo amor de Deus", desabafou Lizangela Rodrigues Fernandes da Silva, tia de Mizael, em vídeo publicado nas redes sociais. Os agentes de segurança, minutos após a morte, relataram que buscavam um homem suspeito de assaltos e homicídio. Um cerco foi feito no imóvel e o adolescente teria sido encontrado em um quarto, com arma na mão. A tia conta que, ao entrar na sala após ser retirada de casa, escutou o barulho do tiro. Em seguida, um dos policiais correu, falando "fiz merda, fiz merda". O corpo do garoto foi levado para a viatura e as marcas da violência foram apagadas pelos envolvidos na intervenção.
No dia do crime, houve manifestação em Chorozinho, pedindo justiça pelo caso. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), afirmou na data, que Mizael foi morto por intervenção policial. A primeira nota não citava a arma que os policiais afirmavam ter sido encontrada com o adolescente. Na sexta-feira (3), uma segunda nota foi recebida pelo Grupo Cidade de Comunicação, apontando que "um revólver calibre 38 e cinco munições intactas foram apreendidos pelo Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) na ocorrência". O caso é investigado pela Delegacia Metropolitana de Chorozinho.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) disse, em nota, que "já adotou as providências iniciais para apuração na seara administrativa disciplinar”.
REPERCUSSÃO
Desde sábado (4), a tag #JustiçaPorMizael figura entre os assuntos mais comentados no Twitter, em Fortaleza, com cobranças sobre o desfecho do caso ao governador do Ceará, Camilo Santana, e ao secretário de Segurança do Estado, André Costa. Nenhum dos dois se posicionou oficialmente sobre a morte do adolescente.
DADOS
De acordo com o Fórum Popular de Segurança Pública do Ceará, em abril deste ano, durante a pandemia do novo Coronavírus, foram contabilizados 35 homicídios em operações policiais, sendo 150% superior ao registrado em abril de 2019.
"É o maior número registrado nas bases de dados estatísticos publicizadas desde 2013 pela SSPDS. Os registros até o final de maio de 2020 contabilizam 78 mortes, representando 57,35% do total registrado durante todo o ano de 2019", diz nota pública divulgada pela entidade.
Em entrevista à Ponte, a pesquisadora do Fórum, Ana Letícia Lins, afirmou que a morte de Mizael, "não foi um ponto fora da curva", e lamentou que o jovem tenha sido baleado onde deveria encontrar segurança, sua casa. "A polícia tem agido com truculência nas periferias e nas comunidades. Esse caso é um exemplo disso", disse.
Denúncias
A população pode colaborar com os trabalhos investigativos repassando informações que tenha conhecimento sobre o tráfico de drogas e de suspeitos que tenham envolvimento na atividade ilícita. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3319-1237 da Delegacia Metropolitana de Chorozinho. O sigilo e o anonimato são garantidos.
Fonte:cnews
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