Primeiro homem a se curar do HIV enfrenta câncer terminal
Timothy Ray Brown, que ficou conhecido como "o paciente de Berlim", enfrenta a recorrência da leucemia que motivo seu tratamento histórico há 12 anos

FOTO: GETTY IMAGES
Timothy Ray Brown, a primeira pessoa da história a se curar da infecção pelo HIV, luta agora contra um câncer em estágio terminal. Trata-se, na verdade, da decorrência da leucemia que motivou seu tratamento histórico há 12 anos. As informações são do gazetaweb.
O americano, apelidado de "o paciente de Berlim" por causa de onde morava na época, recebeu um transplante de medula de um doador com uma resistência natural rara ao vírus da Aids. Por anos, pensava-se que aquilo tinha curado sua leucemia. Mas em uma entrevista à Associated Press, Brown disse que seu câncer voltou no ano passado e se espalhou amplamente. Ele está recebendo cuidados paliativos em Palm Springs, na Califórnia, onde mora agora.
"Ainda estou feliz por tê-lo recebido", disse ele sobre o transplante. "Isso abriu portas que não existiam antes e inspirou cientistas a trabalhar mais para encontrar uma cura, que muitos começaram a pensar que não era possível", falou ele, hoje com 54 anos.
"Timothy provou que o HIV pode ser curado, mas não é isso que me inspira nele", disse o médico Steven Deeks, um especialista em AIDS da Universidade da Califórnia, segundo o New York Post. "Tiramos pedaços de seu intestino, tiramos pedaços de seus gânglios linfáticos. Cada vez que lhe pediam para fazer algo, ele aparecia com uma graça incrível", disse o médico, que trabalha em pesquisas adicionais para a cura.
Entenda o caso
Brown era um americano que trabalhava como tradutor em Berlim na década de 1990, quando descobriu que tinha HIV. Em 2006, ele foi diagnosticado com leucemia. O médico Gero Huetter, especialista em câncer de sangue da Universidade de Berlim, acreditava que um transplante de medula era a melhor chance de Brown de vencer a leucemia. Ele se perguntou se ele também poderia curar outras doenças fatais de Brown usando um doador com uma mutação genética que fornece resistência natural ao vírus da Aids. Transplantes são arriscados. Os médicos têm que destruir o sistema imunológico doente do paciente com quimioterapia e radiação, em seguida, transplantar as células do doador e esperar que elas se desenvolvam em um novo sistema imunológico para o receptor.
O primeiro transplante foi realizado em 2007 e parcialmente bem-sucedido: seu HIV parecia ter sumido, mas sua leucemia, não. Ele teve um segundo transplante do mesmo doador em março de 2008. Desta vez, com melhores resultados.
Desde então, Brown repetidamente testou negativo para HIV e apareceu com frequência em conferências sobre a doença. Ele esteve no Brasil no ano passado para participar de uma convenção sobre o tema na USP.
Um segundo homem, Adam Castillejo - chamado de "o paciente de Londres" - também teria sido curado por um transplante semelhante, em 2016. Ele revelou a sua identidade no início de 2020.
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