Polícia Federal faz operação contra crimes financeiros que movimentaram R$ 2,5 bilhões
A Polícia Federal realizou a operação Black Flag nesta terça-feira para investigar crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro da ordem de R$ 2,5 bilhões. Os agentes apuram a atuação de uma organização criminosa que montou uma rede com pessoas físicas e empresas fictícias, responsável por movimentações financeiras fraudulentas.
O grupo promovia a compra de veículos de luxo, imóveis, lancha e até patrocínio de esporte automobilístico. Ao todo, são cumpridos 15 mandados de prisão e 70 de busca e apreensão em dez municípios de quatro estados.
Entre as medidas foi determinado o afastamento por 30 dias de um delegado da Polícia Federal do exercício do cargo por conta de uma "troca de informações". Além disso, houve o bloqueio de contas e investimentos no valor de R$ 261 milhões de reais, sequestro de bens imóveis e congelamento de transferências de bens móveis. Também foi determinado o afastamento de um policial federal do exercício do cargo.As ordens foram expedidas pela 1ª Vara Federal de Campinas.
Alto padrão dos criminosos
Durante as buscas, pelo menos dez carros de marcas de luxo, entre elas Porsche, BMW, Mercedes-Benz, Land Rover e Volvo, foram apreendidos e encaminhados à sede da PF na cidade de Campinas. Uma Ferrari também foi encontrada em uma das diligências em outras cidades. Em Paraty (RJ), lanchas também foram recolhidas.
Além dos veículos, foram apreendidos R$ 1 milhão em dinheiro, documentos e uma caixa de RGs falsos que eram usados para abrir as empresas falsas. A investigação começou há dois anos e as fraudes foram descobertas a partir de ações fiscais da Receita Federal, que detectou movimentações financeiras suspeitas.
Para proteger o patrimônio, foram criadas empresas do ramo metalúrgico para assumir a propriedade de bens e blindar o grupo de eventuais ações fiscais. Os créditos já apurados pela Receita Federal ultrapassam R$ 150 milhões. A origem dos recursos que iniciaram o sistema de fraude é pública, considerando que a primeira companhia fictícia obteve, em 2011, um contrato com a Desenvolve SP, uma agência de fomento econômico estatal, e outro com a Caixa Econômica Federal, no valor total de R$ 73 milhões.
A rede chegou a movimentar R$ 2,5 bilhões em operações financeiras. O objetivo dessas operações, segundo a Polícia Federal, "era propiciar aos integrantes da organização criminosa um alto padrão de vida, com a aquisição de veículos de luxo, imóveis, lanchas e patrocínio de esporte automobilístico".
Segundo a Receita Federal, a participação inclui advogados e contadores, além de pessoas que falsificavam documentos. O responsável pela organização, de acordo com as investigações, passou a atuar no ramo de energia solar e criou uma Offshore - empresa em país de baixa tributação - para justificar a origem do dinheiro.
Além de uma sequência de CPFs e CNPJs falsos emitidos pelo grupo para receber financiamentos e empréstimos de valores que chegaram a R$ 5 milhões para apenas uma pessoa física ou jurídica, a organização também utilizava laranjas para conseguir fazer movimentações financeiras.
Presos
Dos 15 mandados de prisão expedidos, 12 já foram cumpridos, sendo que dez dos detidos são de Campinas. Os outros três investigados são considerados foragidos. As prisões são temporárias de cinco dias.
Os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro, crimes contra a ordem tributária, estelionato, falsidade ideológica e material e organização criminosa.
O nome da operação Black Flag (bandeira preta no termo em inglê) é uma alusão à cessação das atividades criminosas da organização assim como ocorre na desclassificação de corredores automobilísticos que infringem os regulamentos e recebem uma bandeirada preta, já que parte dos recursos originários dos crimes financiava o esporte automobilístico dos principais investigados.
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