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Rio de lava do vulcão Cumbre Vieja destrói várias casas nas Canárias

    A erupção provocou a retirada de quase 5 mil pessoas. Os danos são visíveis

Foto: AFP

Após 50 anos adormecido, o vulcão Cumbre Vieja entrou em erupção no domingo (19) na ilha espanhola de La Palma, arquipélago turístico das Canárias. A lava do vulcão já destruiu mais de 100 casas, segundo as autoridades locais informaram nesta segunda-feira (20). A erupção provocou a retirada de quase 5 mil pessoas. Os danos são visíveis.  As informações são do  diariodonordeste.

Legenda: Com temperaturas de mais de 1.000°C., a lava avança a uma velocidade média de 700 metros por hora
Foto: AFP

"Neste momento, temos 5.000 pessoas retiradas (...) e cerca de 100 casas destruídas", relatou Lorena Hernández, conselheira de Segurança Cidadã do município de Los Llanos de Aridane, no segundo dia de erupção do Cumbre Vieja.

"São muitas as casas destruídas", disse à AFP um porta-voz do governo regional das Canárias.

Em entrevista à televisão pública, o prefeito de El Paso, uma das localidades afetadas, Sergio Rodríguez, descreveu a devastação. "Em sua passagem, a lava não deixou absolutamente nada", descreveu, acrescentando que os moradores "têm muita incerteza".  "Vão levar muito tempo para voltar, com certeza", comentou sobre o possível retorno às suas casas.

Os impressionantes rios de lava arrasaram árvores, invadiram casas e estradas, como mostram vários vídeos publicados nas redes sociais. Com temperaturas de mais de 1.000°C., a lava avança a uma velocidade média de 700 metros por hora, segundo o Instituto Vulcanológico das Canárias.


Legenda: A erupção provocou a retirada de quase 5 mil pessoas
Foto: AFP

Em apenas três minutos, Angie Chaux, uma moradora de Los Llanos de Ariadne, que vive a poucos quilômetros do vulcão, teve de deixar sua casa, às pressas, às 4h30 da madrugada, com o marido e o filho de três anos. 

"Estou nervosa, porque não sabemos o que vai acontecer. Se vamos encontrar nossa casa", desabafou, contanto que a lava passou a 700 metros de sua residência.

RETORNO DAS ATIVIDADES

Situado no centro da ilha de La Palma — uma das sete que compõem o turístico arquipélago das Canárias, perto da costa do noroeste da África —, o vulcão Cumbre Vieja ficou sob estrita vigilância há uma semana, devido a uma forte recuperação da atividade sísmica. A erupção começou no domingo, pouco depois das 15h locais (12h em Brasília). 

O governo regional das Ilhas Canárias disse na manhã desta segunda-feira que não há previsão de novas erupções no momento, já que os fluxos de lava agora seguem "em direção ao mar". 

Segundo o presidente das Canárias, Ángel Víctor Torres, o vulcão Cumbre Vieja teria entre 17 e 20 milhões de metros cúbicos de lava. Por isso, a erupção continuará, alertou em um vídeo publicado no Twitter.

"Segundo a comissão técnica, tudo parece indicar que não haverá novos pontos de erupção", acrescentou Torres, que reiterou que a "segurança" dos habitantes está "garantida".

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, adiou sua viagem a Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU, e se deslocou para La Palma. Está lá desde a noite de domingo para acompanhar a evolução das operações.

Legenda: A atividade do Cumbre Vieja pode durar "várias semanas, ou poucos meses", aponta especialista
Foto: AFP

A atividade do Cumbre Vieja pode durar "várias semanas, ou poucos meses", devido à presença de uma segunda reserva de magma situada a 20 ou 30 km de profundidade, explicou o coordenador científico do Instituto Vulcanológico das Canárias, Nemesio Pérez. 

O pesquisador do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Afonso Rodrigues, explicou ao Diário do Nordeste que essa é uma situação já esperada pela natureza do vulcão e que não há grandes riscos. Além disso, pontou que é pouco provável que o evento piore nos próximos dias, contudo, não há como prever com certeza. 

"Quando acontece uma primeira erupção, se ela não se mostra de forma grande no início, a energia acumulada é quase toda liberada. Como material que foi liberado é pequeno é pouco provável, mas com a natureza temos que sempre estar com pé atrás. A atividade vulcânica pode continuar, mas piorar é pouco provável".

Conforme o professor, a erupção está ocorrendo por sete pequenas fraturas que estão lançando magma na superfície. "É uma erupção de pequeno porte, aparentemente sem maiores danos", diz. 

A última erupção na ilha de La Palma foi há 50 anos, em 1971.

De origem vulcânico, este arquipélago viveu sua última erupção em 2011, desta vez debaixo d'água, na ilha de El Hierro, provocando a retirada de centenas de pessoas.

RISCO DE TSUNAMI É BAIXO

Legenda: A distância entre o litoral do Maranhão e ilha onde fica o vulcão é de quase 5 mil quilômetros
Foto: reprodução/Google Maps

Localizado na ilha de La Palma, na costa do continente africano, estudos indicam que, caso tenha erupção explosiva, pode provocar um tsunami capaz de atingir as Américas, e o Brasil, na região Nordeste.

Em entrevista ao Diário do Nordeste nesta semana, Rodrigues explicou que as chances de a possível erupção causar um tsunami que atinja o Brasil são baixas.  

"É muito pouco provável que isso aconteça. A distância é muito grande e o vulcão é muito pequeno. É provável que a gente tenha vulcanismos, mas vulcanismo, mesmo em ilhas oceânicas, não significa dizer que possa causar tsunami, muito menos que possa ser de magnitude suficiente para alcançar o litoral brasileiro", esclarece.

"Teria que haver uma queda de parte da ilha e mesmo assim teria que ser algo muito grande. Mesmo que haja a geração do tsunami a altura que ele chegaria na costa brasileira seria pequena. Nada parecido com o que vemos em filmes. Não devemos nos alarmar e nem se preocupar no momento", acrescenta o pesquisador Carlos Teixeira do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC).



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