Ceará é o 4º do País em óbitos por febre chikungunya em 2016
14 pessoas já morreram no Estado em decorrência da doença. 26.425 casos já foram registrados neste ano
Por se tratar de uma doença recente, ainda há muitas pessoas suscitáveis à chikungunya no Ceará. Mosquito também transmite dengue e zika ( Agência Brasil )
Considerada uma das mais perigosas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, a Febre chikungunya já matou 14 pessoas no Ceará neste ano, sendo 12 em Fortaleza e duas no Interior. Os dados são do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2016, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Ministério da Saúde. Segundo o estudo, o Ceará é o quarto do País em número de óbitos decorrentes da doença, atrás apenas de outros três estados do Nordeste: Pernambuco (54), Paraíba (31) e Rio Grande do Norte (19).
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Secretaria de Saúde (Sesa) do Estado, 26.425 casos de chikungunya já foram confirmados no Ceará em 2016. Em todo o País, foram registrados 134.910 casos, com um total de 138 óbitos. “Ainda não temos como traçar um comparativo, pois a doença entrou no Ceará praticamente neste ano. Entretanto, várias ações já estão sendo tomadas para combater o vetor e frear o avanço da mesma”, afirma a responsável técnica pelo controle vetorial da dengue, zika e chikungunya da Sesa, Ricristhi Gonçalves.
Segundo a entomologista, por se tratar de uma doença recente, ainda há muitas pessoas suscitáveis à chikungunya no Ceará, o que gera uma preocupação por parte do governo. O próprio ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que pode haver um crescimento dos casos da doença neste ano, mas que a tendência é de estabilidade ao longo de 2017. Para Ricristhi Gonçalves, os resultados podem ser positivos se houver “combate ao mosquito e conscientização da população”.
Ações no Estado
Ricristhi Gonçalves destaca que a Sesa está dando toda a assistência para que os municípios cearenses possam combater efetivamente o mosquito transmissor da chikungunya, dengue e zika. Segundo ela, o Governo do Estado já disponibiliza os pulverizadores portáteis para que os agentes de saúde possam fazer o controle do mosquito na fase adulta, além de já ter distribuído 5.700 rolos de tela para que reservatórios de água sejam cobertos. “Os municípios que precisarem podem solicitar os equipamentos. Estamos bem abastecidos”, garante.
A Sesa também informou que as visitas porta a porta continuam nos municípios cearenses, e que um comitê estadual está treinando militares para que eles possam participar do combate ao mosquito. Segundo a secretaria, 120 agentes já foram treinadas e outros 120 farão o treinamento em breve. “No próximo dia 30 lançaremos o plano estadual de vigilância e controle epidêmico para o próximo ano e anunciaremos oficialmente todas as ações previstas para 2017”, destaca Gonçalves.
14 municípios em risco
O Ministério da Saúde também afirmou que 855 cidades brasileiras encontram-se em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika, o que representa 37,4% dos locais pesquisados. No Ceará, são 14 municípios em situação de risco atualmente, sendo elas: Missão Velha, Mauriti, Capistrano, Canindé, Baturité, São Luís do Curu, Varjota, Farias Brito, Irauçuba, Aracoiaba, Jaguaretama, Ipaumirim, Coreaú e Marco. Dessas, a situação mais preocupante é a de Missão Velha, que tem um Índice de Infestação Predial (IIP) de 29,6%, diz o LIRAa.
“Existe uma grande preocupação com esses municípios, já que não estamos em período de chuva e, mesmo assim, eles estão apresentando situação de risco. O grande problema é que muitas pessoas, pela falta d’água, acabam armazenando a mesma em diversos locais, muitas vezes sem as devidas precauções”, explica Ricristhi Gonçalves. Além dos 14 municípios em risco, o Ceará também conta com outras 32 cidades em alerta. A capital Fortaleza, porém, está em situação satisfatória.
Entenda a diferença
Apesar de transmitidas pelo mesmo mosquito, a dengue, zika e chikungunya são três doenças diferentes. Veja suas características e sintomas:
Dengue: uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. No Brasil, foi identificada pela primeira vez em 1986. A principal forma de transmissão é pela picada dos mosquitos, mas h á registros de transmissão vertical (gestante - bebê) e por transfusão de sangue. Existem quatro tipos diferentes de vírus do dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros sintomas.
Chikungunya: uma doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No Brasil, a circulação do vírus foi identificada pela primeira vez em 2014. Os principais sintomas são febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Não é possível ter chikungunya mais de uma vez. Depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida. Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.
Zika: é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti e identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês.
Fonte:DN
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