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Fortaleza conta com Pronto Atendimento Psicológico 24h

O caráter é preventivo: reduzir o impacto de uma situação traumática e evitar que os sintomas se instalem
Quem vai me atender? Foi o que indagou secamente uma senhora cheirando a angústia e a uísque caro. Às 22 horas, ela procurou socorro psicológico por se sentir muito sozinha. Perdeu o marido para a morte, um filho para o serviço militar e duas filhas para o casamento no espaço de dois anos. Com boas roupas e já mais tranquila, saiu da clínica 90 minutos depois de volta ao apartamento, que mesmo confortável, já presenciou por duas vezes sua dona quase se jogar pela janela para acabar com aquela sensação de abandono.
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A angústia (sentimento permanente de negatividade) é doença silenciosa. É uma emoção que precede algo (um acontecimento ou uma ocasião), e que chega por meio de lembranças traumáticas dilacerantes ao ego. Esse foi o diagnóstico inicial dado pelo psicólogo à paciente. A conversa evidencia um dos casos acompanhados pelo primeiro Pronto Atendimento Psicológico (PA-Psi) 24h de Fortaleza. Com pouco mais de dois meses de vida, o serviço atende casos emergenciais de quando a dor se torna insuportável.
O atendimento psicológico em modelo de plantão é recente no Brasil, iniciado há apenas 18 anos. Com a premissa da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), do psicólogo Carl Rogers, exerce funções terapêutica, preventiva e preparatória (no caso da necessidade de tratamentos posteriores).
Dor que dilacera
O Pronto Atendimento Psicológico foi criado pela busca do médico obstetra Reinaldo Schmitt, do Centro Integrado de Saúde, em função da necessidade de abordagem multidisciplinar. Com isso, Fortaleza passou a contar com esse serviço, formada por uma equipe de 10 psicólogos.
"Moramos na quinta capital mais populosa do País, com quase 2,7 milhões de habitantes, e nossa responsabilidade é avaliar como vivem essas pessoas", afirma o psicólogo Tadeu Nascimento, coordenador do serviço de Psicologia da Multiclínica Dr.Reinaldo Schmitt, que abriga o PA-Psi.
"O serviço 24 horas é para poucos que conseguem pensar mais no mundo que em si mesmo. É necessário um contínuo aprendizado e uma atenção maior com as diversas situações do cotidiano. No entanto, o sistema de plantão é uma prática ainda recente, há poucas referências curriculares e pouca bibliografia", esclarece o psicólogo clínico e coordenador do Plantão Psicológico, Rogério Vasconcelos.
Urgência por cura
Algo que não pode ser deixado para amanhã: é assim que se define o termo "urgente". Em Fortaleza, ao se sentir uma dor de dente ou de ouvido, por exemplo, é possível curá-la com a ida a serviços disponíveis na rede pública e privada de saúde.
Há ainda a 'urgência subjetiva', uma forma de acolhimento aos sujeitos em crise, que são encaminhados a instituições a partir de estressores psicossociais (conjugal, parental, ocupacional, familiar etc), com o pedido emergencial do sofrimento psíquico.
Consiste em acolher quem sofre e saber, por meio da escuta, o que permaneceu em estado de intenso embaraço do sujeito ou, em alguns casos, o que foi transformado em dor com a dificuldade de compartilhar o que se sente. Quando há a quebra do receio em falar, mostra-se o que é insuportável e sem saída para o sujeito.
A 'urgência subjetiva' depende ainda do olhar (ou escuta) do psicólogo e/ou do psiquiatra. É sustentada a aposta na palavra do paciente, visto que tal condição pode produzir respostas que levem à continuidade do tratamento.
Medicalizar
Sentimentos mal administrados que provoquem dor são, entretanto, condições naturais à vida. "Complexo e preocupante, porém, é que, do mesmo jeito que temos buscado o direito à felicidade, temos transformado isso num sofrimento", descreve o psicólogo Tadeu Nascimento.
Frustração, tristeza, angústia, decepção, medo. Tais sentimentos não são um corpo estranho, que deve ser extraído ou combatido. "Sentimentos que sempre pertenceram à condição humana são vistos agora como uma doença - e como doença vêm sendo tratados, em geral, com medicamentos.
'Pílulas da felicidade' são vendidas contra os males que poderiam ser curados com procedimentos não necessariamente médicos. Também há a condição de dar aos juízes a arbitragem dos afetos, no que é chamado de "judicialização dos sentimentos".


Fonte:DN

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