EUA aprovam droga contra câncer que reestrutura sistema imunológico do paciente
O tratamento, chamado de CAR-T, será usado contra a leucemia linfoblástica aguda em pacientes que não respondem ao tratamento convencional
Dos 63 pacientes tratados com a terapia CAR-T, 83% entraram em remissão em um prazo de três meses. ( Novartis )
Os Estados Unidos aprovaram o primeiro tratamento que reestrutura o sistema imunológico do paciente para atacar o câncer. As informações são da BBC Brasil.
O tratamento, chamado de CAR-T, consiste na extração de leucócitos - glóbulos brancos - do sangue do próprio paciente. Os leucócitos são então geneticamente reprogramados para serem capazes de buscar e matar o tumor. As células modificadas são, por sua vez, reinseridas no paciente e, quando encontram o alvo, se multiplicam.
A agência reguladora de remédios americana (FDA) considerou a decisão um momento "histórico" e que a medicina agora "entra em uma nova fronteira".
O grupo farmacêutico Novartis, responsável pelo tratamento, cobra US$ 475 mil (R$ 1,5 milhão)pela terapia da "droga viva", que deixa 83% das pessoas livres de um tipo de câncer no sangue.
A droga é fabricada sob medida para cada paciente, ao contrário de terapias convencionais contra o câncer, como a cirurgia e a quimioterapia. A terapia, que será comercializada pelo nome Kymriah, será usada contra a leucemia linfoblástica aguda em pacientes que não respondem ao tratamento convencional.
"Estamos entrando numa nova fronteira na inovação médica com a habilidade de reprogramar as células do próprio paciente para atacar um câncer mortal", afirma Scott Gottlieb, do FDA.
"Novas tecnologias tais como as terapias genéticas e celulares têm o potencial de transformar a medicina e criar um ponto de inflexão em nossa capacidade de tratar e até curar muitas doenças intratáveis", complementa.
Dos 63 pacientes tratados com a terapia CAR-T, 83% entraram em remissão em um prazo de três meses, e informações de longo prazo ainda estão sendo coletadas.
No entanto, a terapia tem riscos. Ela pode causar a síndrome da liberação de citocinas, uma condição grave causada pela rápida proliferação das células CAR-T no corpo. Ela pode ser controlada com o uso de drogas.
Tratamento tem potencial para ser utilizado em outros tipos de câncer
A tecnologia CAR-T se mostrou promissora contra diferentes tipos de câncer sanguíneo.
"Acreditamos que este é apenas o primeiro de vários novos tratamentos com base em imunoterapia para uma variedade de tipos de câncer", aponta David Maloney, diretor médico de imunoterapia celular do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson.
No entanto, ela não tem apresentado resultados tão promissores contra "tumores sólidos" como o câncer de pulmão ou de pele.
"Os resultados não foram tão incríveis quando você o compara com o da leucemia linfoblástica aguda, mas tenho certeza que a tecnologia irá melhorar num futuro próximo", afirma Prakash Satwani, um oncologista pediátrico da Universidade Médica de Columbia, nos Estados Unidos.
Uma variedade de drogas que "retira o freio" do sistema imunológico para fazê-lo atacar o tumor já vem sendo adotada ao redor do mundo. A tecnologia CAR-T, que dá um passo adiante e reestrutura o sistema imunológico, está num estágio mais inicial.
"Ainda temos muito a aprender sobre como usá-la com segurança e sobre quem pode tirar proveito dela, então é importante reconhecer que este é apenas o primeiro passo."
Fonte:DN
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